Um oásis de água pura, em meio à poluição.

Cavalo Marinho, é um animal que precisa de água limpa para sobreviver, precisa estar em lugares puros, em contato com total pureza. Pequenas doses de poluição na água, são o suficiente para por em risco sua sobrevivência. Assim, é o coração de seguidores de Cristo, não somos tão puros quanto o cavalo marinho, porém, precisamos sempre estar em contato com o que Ele criou, com suas obras, seu amor infinito. Pequenas doses de orgulho, egoísmo, vaidade, podem destruír um coração cristão. Mas Jesus Cristo, em seu eterno amor, não se esquece, tampouco desiste do irmão. Esse blog tem intenção de ser um oasis no meio da poluição, pra todos aqueles que amam, que querem amar, e pra quem entende que natureza é de Deus, foi Ele quem criou, e por isso é tão bela!!! Tudo que é feito a ela, é feito a Deus!!!

Relato do meu parto, nascimento de minha filha Ana Clara, em casa.

Desde a gestação de nosso primeiro filho, Mateus, tínhamos o desejo de um parto domiciliar, mas não encontramos ninguém que nos auxiliasse nesse sonho, então, optamos por recebê-lo na maternidade do HU, que defendia o parto humanizado. Começamos a freqüentar a maternidade nos encontros de gestantes que eram oferecidos a fim de conhecer a proposta de humanização do parto e instalações da maternidade e lá, conhecemos a enfermeira Vânia. Mesmo sendo lá o parto do Mateus, contamos com o apoio da Vânia, que deu um “conselho milagroso”, permitindo que meu filho nascesse naturalmente. Nem poderia imaginar que 4 anos depois essa mesma enfermeira tão querida estaria em minha casa para me auxiliar a receber minha filha. Já há algum tempo, tínhamos o desejo de aumentar nossa família, fazendo dos três, quatro. Porém, muita coisa vinha acontecendo. Primeiro, os projetos pessoais que não podiam ser adiados, e depois, um quadro clínico de PTI (Púrpura) no nosso filho Mateus, que nos tirou do eixo no início do ano de 2011... Paralelo a isso, eu conhecia a Gabi Zanella, que acabava de receber a linda Estela, em um sonhado parto domiciliar! Saber do parto da Estelinha encheu meus olhos de lágrimas, o coração de esperança, e foi quando o desejo de ter nosso segundo filho aumentou ainda mais! Foi nessa época que descobrimos que a enfermeira Vânia atendia partos domiciliares através do Hanami, equipe que também atendeu nossa amiga Gabriela. Nosso Mateuzinho cresceu, completou seus 4 aninhos de idade, e queria agora ser “irmão mais velho”, um verdadeiro prêmio e responsabilidade para ele! Então reservamos o mês de junho para encomendarmos nosso bebê, já que o Léo estava de férias. Mas, não foi em junho que a Clarinha começou a habitar dentro de mim. Em julho, em meio a novos problemas nos questionávamos novamente se realmente seria o momento de um novo filho, mas, foi no dia do aniversário da minha mãe, que fizemos o teste de gravidez, e trêmulos, vimos aqueles lindos dois risquinhos que mudaram completamente a nossa vida, pela segunda vez! Daí pra frente foi a construção tijolo a tijolo desse novo sonho! A partir desse positivo, resolvemos já entender melhor como funcionava o parto domiciliar, já que sabíamos que dessa vez era possível, não queríamos deixar passar! Fomos conversando com a Gabi, que nos apresentou a várias outras pessoas queridas, e se ofereceu para “doular” em nosso parto. Fomos nos rodeando de boas energias e de pessoas que nos apoiavam nessa nossa decisão. Também através da Gabi conhecemos a Cris, que se ofereceu para ser doula no parto, caso a Gabi não pudesse no dia. Então, em setembro, com dois meses de gestação, fomos ao consultão do Hanami, em que esclarecemos muitas de nossas dúvidas e aumentamos ainda mais nosso desejo de ter nosso bebê em casa. Lá também conhecemos a enfermeira Joyce, com quem nos identificamos muito e desde então, queríamos ela no nosso parto. Os meses passaram, e aumentou uma corrente super positiva pra que tudo acontecesse como desejávamos: chá de parto, “banca quase de graça” no Bazar Coisas de Mãe, tudo realizado em prol do nascimento da Ana Clara acontecer em casa. Tudo feito com muito carinho por pessoas queridas que sabem o valor que isso tudo tem. Além disso, fomos negociando os valores com a hanamiga Joyce, que sempre esteve muito disposta a nos ajudar para que esse sonho fosse viável. Depois de tanta energia boa, com 36 semanas finalmente tivemos nossa primeira consulta com as enfermeiras do Hanami. Nesse primeiro encontro, recebemos em nossa casa as queridíssimas Joyce e Juliana. Foi um encontro lindo á luz de velas (já que faltou luz), o que nos fez sentir mais do que nunca a presença de nossa filha entre nós, entendo como sendo o início de seu nascimento. Mateus segurou o sonar na “barriga-casa” da Aninha e, juntos, sentimos seu coraçãozinho bater. Após ele beijar minha barriga, o coração dela acelerou ainda mais, como de costume. Além disso, nesse dia sentimos sua cabecinha ainda dentro de meu ventre, o que me emocionou muito. Depois dessa linda consulta, fomos nos preparando física e emocionalmente para o grande encontro, com caminhadas, massagem perineal, “sling de barriga” e muito amor! Tudo como recomendado pelas queridas hanamigas. A segunda consulta foi com a enfermeira Renata que nos esclareceu muito sobre os pródromos que eu já estava sentindo há algumas madrugadas. E a terceira (e última) consulta, estávamos na 38ª semana de gestação, foi com a enfermeira Vânia. Ela veio pela primeira vez em nossa casa, para soltar as amarras e fazer nossa linda filha se sentir bem vinda, então só esperávamos que ela estivesse preparada, pois depois dessa consulta, nós nos sentimos mais que prontos para seu parto. Foi uma consulta que nos fez abrir as portas definitivamente. Nessa consulta, a Gabi também esteve presente, para fechar ainda mais essa fase e aumentar o sentimento de espera. Lembro-me de olhar para o Léo depois da Vânia ir embora e dizer, “chegou a hora!”. Então, no dia 22, uma quinta feira com mudança de lua, eu estava muito ansiosa, afinal já estava vivenciando os pródromos há algum tempo, sempre nas madrugadas, e com a mudança de lua, ela poderia chegar. E, nessa madrugada, depois de uma dose de ocitocina natural, começaram dores lombares com forte pressão na pelve, mais intensas que das últimas madrugadas. Ligamos para a Vânia, que recomendou que eu tomasse um banho quente e esperasse para ver o que aconteceria. Se fosse TP, as dores se intensificariam, se não fosse, passariam. Enquanto isso, A Renata chegou, as 2h da manhã, me examinou e disse que ainda não era a hora, e que eu estava com 2 ou 3cm de dilatação, mas poderia levar alguns dias ainda. Depois do banho, as dores passaram e fomos dormir. E, denovo, nossa pequena só queria ensaiar! Nos dias que se seguiram, continuei a sentir a mesma pressão na pelve, que às vezes se intensificava, mas como já tínhamos nos enganado, esperávamos por algo mais ritmado para ligar para as hanamigas, e esperamos tudo evoluir naturalmente. No sábado, dia 24 de março, começamos a manhã em nossa casa, embalados pela espera. Eu e Mateus, cantamos e massageamos muito nossa pequena, ainda em meu ventre, cantávamos as boas vindas e que estávamos prontos para recebê-la, foi um momento lindo, com meus dois filhos, ainda antes de nos conhecermos. Cantávamos, e ela mexia, como querendo dizer que também estava ansiosa para nos conhecer. Passamos o dia todo nesse mundo mágico, sentindo nossos corações se transformando, sentindo a presença de nossa filha, mais do que nunca, um clima de paz infinita se espalhava por onde andávamos. Na praia, uma brisa suave nos tocava e anunciava uma nova vida! Tínhamos certeza que ela nasceria naquele fim de semana. Então, nesse clima de amor, a ocitocina tomou conta de nós, e nossa madrugada foi de muito ensaio, mais intenso do que nunca, não dormimos a noite inteira com contrações muito espaçadas, mas muita pressão pélvica. Tomei um banho quente, como as hanamigas ensinaram, e a dor se intensificou, não parecia TP, e sim, mais pródromos. Então, resolvemos não ligar para ninguém, e esperar a evolução até de manhã. Passei a madrugada na bola suíça. E, às 6h da manhã do dia 25 de março, ligamos para a Joyce, que recomendou caminharmos para vermos a evolução, já que as contrações não eram ritmadas e eram quase ausentes, e dormir depois, ela também iria dormir para estar preparada. Caminhamos muito, e as dores passaram, então fui dormir, e quando acordei ligamos para a Joyce, que não atendeu, pois estava dormindo. Fomos almoçar fora, e ela nos ligou, dizendo que estaria esperando qualquer novidade. Como era sua folga, e queríamos muito que ela estivesse presente, ficamos um pouco tristes com a demora da evolução do parto. Ao longo da tarde, senti algumas contrações e dores dispersas e em momentos diferentes, o que nos fez pensar que não seria nesse dia que teríamos nosso tão esperado encontro, mas tudo isso era meu corpo se preparando e ela se ajeitando para sua estréia. Essa espera, já há alguns dias intensificada, me angustiava, pois havia evolução, e logo tudo parava. Então, por volta das 21h depois de uma conversa tranqüilizante com o Léo depois de colocarmos o Mateus para dormir, resolvemos aceitar que ainda não estava na hora, e que tudo isso deveria ter um propósito. Lembro bem dele me falando “Rê, teu corpo está se preparando amor, quando ela vier, já vai estar tudo preparado, e por isso vai ser ainda mais tranqüilo”. E começava ele a atuar como meu “doulo”, marido, pai, parteiro... Então, liguei o computador afim de me distrair, e senti a primeira contração seguida de dor, uma dor bem leve. Fiquei ansiosa, mas, como tinha aceitado ter paciência, resolvi ignorar. Fui conversando com a Gabi pela internet, contando os acontecimentos do dia, quando, com intervalo de 10 minutos, sentia segunda contração, ainda muito leve, comecei a rir de felicidade, mas não quis me animar muito de novo. Me despedi da Gabi, dizendo para ela se preparar que talvez chamasse ela em breve, e como estava sem dormir há muito tempo, iria tomar banho, comer alguma coisa pra dormir. Eu imaginava mais uma longa madrugada se aproximando, mas, de novo eu estava enganada. Tomei banho, e às 22:15h enquanto começava a jantar, a bolsa estourou. Nesse momento, nos olhamos, e foi só alegria! Fui para o chuveiro, a princípio para me lavar, enquanto o Léo começava a se transformar em super herói, enchendo a piscina de ar, forrando, ligando o som, telefonando para as hanamigas, para a Gabi, e para a Déia, nossa grande amiga que também estaria presente. Ele achava cedo pra ligar, mas eu estava sentindo que era melhor ligar logo, e ele ligou só para me tranqüilizar. Ainda no chuveiro, senti uma contração mais forte, e então, pedi para o Léo pegar a bola suíça. Fiquei lá, sentada na bola, debaixo do chuveiro, com as contrações se intensificando rapidamente. O Léo aparecia, me abraçava, dava carinho, sorria, falava algo positivo e sumia pra preparar as coisas. Eu chamava novamente, e tudo se repetia, ele me atendia e preparava tudo. Eu andava do chuveiro à cama, onde o Léo havia preparado um amontoado de edredons, mas naquele momento, nenhuma posição me agradava, e as contrações estavam muito fortes. Voltei ao chuveiro, e de novo chamei por ele, que desta vez me abraçou e me joguei por cima dele, instintivamente, a fim de ficar de quatro. Foi então que percebi que essa posição me favoreceria, e num (breve) intervalo entre as contrações fui novamente até a cama, onde fiquei em posição genupeitoral (de quatro, abraçada nos edredons). A essa altura, as contrações estavam muito próximas e intensas, eu sentia que em breve ela estaria em meus braços. Movimentava-me para frente e para trás, naquela posição gemendo alto, e nos intervalos entre as contrações só tinha tempo de gritar “Léo...” e começava de novo. Lembro do Léo aparecer pálido, fazer massagem no fim da minha coluna, perto do sacro (o que aliviava muito a dor), falar que ela ainda nasceria no domingo, me enchendo de força e alegria. E ele saía pra ligar pras Hanamigas, ou pra Déia e apressá-las. Em um momento, ouvi-o na porta de casa falando com a Joyce ao telefone __“ oi, querida, tá perto? Então, engata a sexta, que o bicho tá pegando! É, ela tá querendo nascer! rsrsrsr”. Enquanto isso, eu sozinha no quarto, estreava minha primeira dança com minha filha, a sentia em cada movimento, a sentia vindo, e ela dizia pra eu trazê-la, pra eu pegá-la, dar colo. Sentia uma vontade incontrolável de fazer a força que ela precisava, me sentia pegando ela pela mão e trazendo. Comecei a chamar pelo Léo para que ele viesse pegá-la, ele largou a piscina com a mangueira de água e veio. Porém, para quem estava do lado de fora da “dança” não dava pra perceber que ela estava tão próxima. Me dava apoio, e ligava pra Déia pedindo socorro, querendo saber onde ela estava, porque ele não queria mais me deixar sozinha. Ela estava perto, mas nossa filha estava ainda mais, e eu fazia força, sentia ela descendo e gritava “segura ela, Léo, ela quer sair agooooooraaa”. A Déia acelerou, e veio orando pelo nosso momento no caminho, mais tarde ela sentiria um forte e feliz arrepio, que anunciaria a chegada de Ana Clara. Enquanto ela orava, as hanamigas chegam às 23:05h. A Joyce veio me dar apoio, e pediu delicadamente pra fazer um toque, meio receosa concordei, mas disse que ela já estava nascendo e a Joyce, antes do toque, disse que faltava muito, portanto, eu deveria ficar calma. Então, ela fez o toque e gritou pela Vânia, e disse que eu estava certa. Tentando me ajeitar, instintivamente coloquei a mão no períneo e senti seus cabelinhos entre minhas pernas, foi nesse momento que afundei na “partolândia”. Nesse momento, lembro da Vânia perguntar se eu gostaria de ir até a piscina, eu nem me imaginava saindo do lugar, mas elas falaram que se eu quisesse, elas me ajudariam. Então concordei, e fui apoiada pelas hanamigas até a banheira. Quando entrei na banheira, me senti como somente permitindo que ela nascesse, não lembro de fazer força, lembro de pensar “bem vinda, minha filha”, e ela veio direto para os braços do pai, que pariu juntamente comigo, agiu também com instinto de pai que dá a vida, vendo nossa filha com as duas circulares de cordão no pescoço, naturalmente girou seu corpo. Enquanto isso, eu ofegante olhava para a Joyce, que estava com a expressão mais segura e todos nós nos comunicamos profundamente, somente com olhares e todos nos entendemos, sem nenhuma palavra. Depois de desenrolar o cordão o Léo me entregou nossa filha em meu colo, linda que calmamente me olhava profundamente como dizendo que me amava e que estava feliz em me conhecer! Momento inesquecível e indescritível para qualquer mãe! Eram 23:15h do dia 25 de março de 2012, e tínhamos nos encontrado pela primeira vez. Chamamos o Mateus, que ainda dormia profundamente, eufórico, ele tirou a roupa e veio conhecer sua irmãzinha. Nesse momento mágico, ele foi engolido por aquele novo e intenso amor juntamente conosco, queria participar assim como nós, aquecê-la com a água quentinha enquanto ela mamava. E assim, ela mamou por 40 minutos, quando então saímos da banheira. O cordão já havia parado de pulsar a algum tempo quando tão somente o super pai e o super irmão, juntamente, o cortaram. Separando-a assim, da placenta e finalizando sua missão de “primeira mãe”, e me entregando de fato minha tão sonhada filha. Assim, nasceu Ana Clara, nossa filha sonhada,com 2,830kg e 48,5cm de um lindo e rápido parto natural, com apenas uma hora de trabalho de parto, porém com muitos pródromos, sem doula devido à rapidez do parto, sem laceração, domiciliar, na água, trazendo sonhos à realidade e ainda mais amor à nossa família.